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Primeiro Livro: Ilynx

Este projeto é antigo: Escrever 'outro' livro. Eu até havia escrito um, por volta de 2002. Chamava-se 'A quem perguntar'. Esqueci seu manuscrito numa cabine telefônica em Varginha. Nunca mais o encontrei ou me encontraram para devolve-lo. Tudo bem!
As idéias contidas nele se avolumaram. E numa bela tarde, Ilynx surgiu......

Abaixo você acompanhará a saga de Ilynx, parte por parte, capítulo por capítulo.
Navegue nos "Capítulos do Livro" na barra lateral. Fique à vontade!
Boa Leitura!

PRÓLOGO

Quem é Ilynx?
Começo por dizer que é um nome fictício.
Pode ser eu.
Pode ser você.
Com certeza, nós dois. Com pequenas diferenças que não vêem ao caso.
Nem por acaso!
Nada é por acaso e você sabe disso e não terá argumento para provar-me o contrário. Principalmente depois de acompanhar as peripécias de Ilynx.
Ilynx é especial por que comunica com você como comunica comigo, por uma interface mental que temos em comum. O que ele me fala toca a sua mente por esse mecanismo. E tocará sua emoção como tem tocado a minha, pelos segredos que vem me revelando...
De tal forma que não consegui ficar calado!
E resolvi colocá-los aqui, compartilhando quase todos. Pois alguns não podem ser ditos.
Mas poderão ser compreendidos...
---------------------Ilynx---------------------
Tudo o que é compreendido, está certo - Oscar Wilde


quinta-feira, 31 de março de 2011

Cap 1-Parte 1 - Acostumando-me com as aparições...


Em função da estrutura da plataforma Blogger, acompanhe o livro verificando os links que serão colocados logo no ínício de cada postagem. Esta é a 1ª parte do Cap.1. As demais estarão indicadas bem aqui.
Cap 1 - 2ª Parte: http://livro-ilynx.blogspot.com.br/2011/03/cap-1-parte-1-quanto-dura-um-por-do-sol.html
Cap 1 - 3ª Parte: http://livro-ilynx.blogspot.com.br/2011/03/cap-1-ultima-parte.html

Ilynx - Capítulo 1 - Paisagem além da tarde
Parte 1: Acostumando-me com as aparições...
 -você não tem sido nada gentil...
            A tarde corria na paisagem inconsistente, próxima dos cincoenta. Eu permanecera de olhos fechados por um longo tempo ouvindo  “Who wants to live forever”. Sempre percebera algo de mágico nessa música do 'Queen'. A melodia sempre me fazia viajar, percorrer instâncias nunca visitadas da memória, como se fosse uma vereda em direção a um novo lugar. Uma página em branco a ser rabiscada. A interpretação de Fred Mercury, especialmente naquela tarde, parecia diferente. Deixava algo doce e profético no ar. 
          De certa forma combinava com o que ocorria fora. Uma pancadinha de verão trouxera para dentro da despensa aquele cheiro acre da terra  (na despensa ficava o computador, onde eu escrevia algumas bobagens ao som do drive de CD-ROM). As lembranças retornaram. Há dias vinha acontecendo. 

-Você, de novo! Dá um tempo! Lá vem você perturbar meu sossego. Estou cansado das suas chorumelas. Elas vêm sempre em hora errada!

-Você não tem sido nada gentil, mesmo! - reafirmou.

-Corta essa!...- eu não percebia o meu próprio tom de voz, quase gritado, denunciando um certo nervosismo. - ...e o que você sabe de gentileza? Um pirralho desses, querendo perturbar um raro momento de prazer! Ora, vai procurar a sua turma...- completei. Percebi que suava frio.

             Junto com as lembranças, a visão. O nervosismo que eu sentia era devido à confusão que aquela criatura causava em minha mente sempre que aparecia. Uma criança a dar-me lições, a fazer cobranças. "Pode isso?”. Mas eu sabia que de certa forma eu lhe devia atenção. Acho que sentia mesmo um pouco de respeito. (Ou seria medo?) O certo é que o porte austero daquele garotinho me incomodava e eu me sentia impelido a atender aos seus apelos. Já fazia alguns dias que ele aparecia em meus devaneios, geralmente, à tarde. Daquela vez estava disposto a encarar a situação!

-Muito bem! Diga lá o que é que você tem a me dizer. Seja breve!.. - eu não sabia se seriam aquelas as palavras certas. Ele permaneceu impassível em minha tela mental. Confesso que eu sentia uma certa simpatia por aquela criança. Meus olhos permaneciam fechados e eu não queria abri-los de repente e perder a oportunidade de levar adiante aquele diálogo. Comecei e tinha de ir até o fim! Lembro-me que certa vez ao fazer um diário de sonhos tinha a sensação desagradável de perder a noção dos episódios oníricos tão logo eu abria os olhos. “... só vou abrir os olhos depois de resolver essa questão. E mais... só mesmo depois de ter a certeza de que vou me lembrar de tudo depois.”
             

            Lá estava ela. Uma criança que me parecia estranhamente familiar. Magricela, braços compridos, pernas ligeiramente tortas, pés meio encurvados para dentro. Vestia uma roupa encardida: calça curta com suspensórios e uma camisa xadrez surrada. Tudo meio grande, como se fossem roupas doadas por alguém da vizinhança. Aspecto de criança humilde:

-Você não tem sido nada gentil! Venho tentando lhe falar há anos e só há alguns dias eu consegui um pouquinho da sua atenção.

-Corta essa! Repito! Faz anos, treze anos exatamente, que eu moro nesse mesmo lugar.  E, todas as tardes, fico eu aqui em frente desse computador. Desembucha, diz aí logo o que tem a dizer, que eu tenho mais o que fazer!..- eu não sabia por que estava a usar aquela maneira acintosa de falar.

-Pois faz muito mais tempo que isso!... Tentava falar com você por anos. E não conseguia. Isso só veio a acontecer na semana passada. Desde então consegui manter contato três vezes. E por milagre, hoje você está até falando comigo! Vou lhe dizer uma coisa: no passado você leu pra mim muitos livros. Encheu-me de esperanças, prometeu viagens, passeios agradáveis, amigos, riquezas, felicidade...- parou a enumeração dos itens por um segundo, para enxugar uma pequena lágrima que descia pela face esquerda. Usou a barra da camisa. Continuou: - ... eu acreditava que você iria cumprir todas as promessas...

-Ei, ‘péra aí! Quando foi que eu andei prometendo isso pra alguém? - embora sentisse sinceridade nas palavras da criança, aquilo já estava passando da conta! Continuei de olhos fechados, mas observando mais atentamente o garotinho. Os cabelos eram escorridos, curtos e formando um topete que chegava próximo dos olhinhos miúdos. Os cabelos, de um castanho mais claro que o dos olhos. Tinha o rosto miúdo e comprido e o queixo ligeiramente afinado, pequeno. “... eu já vi esse pirralho em algum lugar! De onde, meu Deus!?... Humm... acho que é do álbum de fotografia lá do guarda-roupas. Espera aí...” 

Encarei o garoto e desabafei:

-... conta essa história direito!           
                                   


(Continua no próximo post)

Postado anteriormente no Blog do profex:

Um comentário:

  1. Caríssimo professor eu vim retribuir a visita e agradecer pelo comentário, alias apaixonei-me pelos teus blogs, o senhor é muitas facetas... Admiro-te.

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